O RACISMO EM ANGOLA
Evandro José Coelho do Amaral
RACISM IN ANGOLA
NewPaper nº 04/2018
AMARAL, Evandro José Coelho do[1]
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RESUMO
Este trabalho foi realizado, com intuito de perceber melhor sobre o racismo contra brancos e mestiços em Angola, para tal, foi realizado um estudo de caso, que culminou com pesquisas de campo, agregando uma amostra de 50 “Cidadãos”, repartidos como se segue: 20 Indivíduos do sexo Feminino = 40% e 30 Indivíduos do sexo Masculino = 60%. Foi abordado, o racismo no contexto angolano. Actualmente, vemos vários casos de racismo na Europa, mas que quando denunciado, é crime. Já em Angola, devido o processo colonial e da escravatura, foi incutido em muitos angolanos, e passado de geração a geração que o “Europeu é mau”, “nos escravizou”, em outras palavras, o angolano, ainda se encontra com o orgulho ferido. Existem alguns africanos (angolanos), que por vezes chegam a ser mais racistas, do que os Europeus. Com o presente estudo, concluímos que os nossos objetivos foram alcançados, e as hipóteses foram confirmadas.
Palavras-chave: Racismo, Mestiço, Branco, Europa e Angola.
ABSTRACT
This work was carried out in order to better understand racism against whites and mestizos in Angola. A case study was carried out, culminating in field research, adding a sample of 50 "Citizens", distributed as follows: 20 Individuals of the Female Sex = 40% and 30 Individuals of the Male Sex = 60%. Racism was addressed in the Angolan context. At the moment we see several cases of racism in Europe, but that when denounced is a crime. Already in Angola, due to the colonial process and slavery, it was instilled in Angola, and passed from generation to generation that the "European is evil", "enslaved us", in other words, the Angolan, still has it´s pride hurt. There are some Africans (Angolans) who are sometimes more racist than the Europeans. With the present study, we conclude that our objectives were achieved, and the hypotheses were confirmed.
Keywords: Racism, Mestizo, White, Europe and Angola.
INTRODUÇÃO
O Presente trabalho intitulado "o racismo em Angola", tem por finalidade, o estudo de um dos temas mais polémicos e interessantes.
Angola, Estado independente, localizado no sudoeste da África; limitado ao norte e a leste pela República Democrática do Congo (antigo Zaire), a leste pela Zâmbia, ao sul pela Namíbia e a oeste pelo oceano Atlântico. O território angolano, é dividido por uma faixa do antigo Zaire, que vai até o mar, deixando separado o pequeno enclave de Cabinda, limitado ao norte pela República do Congo, a leste e ao sul pela República Democrática do Congo e a oeste pelo oceano Atlântico. O território de Angola, foi anteriormente conhecido pelo nome de África Ocidental Portuguesa, a sua actual denominação é República de Angola, possui uma superfície de 1.246.700 Km2. Tendo conquistado a sua independência em 11 de Novembro de 1975, sobre uma intensa guerra civil que vitimou muitos angolanos, e culminou em 2002. A capital é a cidade de Luanda.
Concernente ao racismo, é de salientar que, muitos confundem racismo com preconceito, sendo o preconceito uma discriminação de alguém, sem o ter conhecido, ou seja, ter um olhar, um pensamento, critica sobre alguém, numa primeira instância.
Já o racismo, é a discriminação social, baseada no conceito de que existem diferentes raças humanas, e que uma, é superior às outras.
O racismo, encontra-se enraizado, em toda a parte do mundo, conforme referenciado anteriormente, muitos acabam por não serem racistas, mas o preconceito que todo o ser humano possui, e que é, temporal.
Contextualizando esta prática em Angola, e comparando com Portugal, teríamos que voltar na história. A história mostra-nos, que os Portugueses, sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D. João II, chegam foz do rio Zaire em 1482, de onde iniciaram, a conquista da região, que incluía, Angola.
Por sua vez, o povo Africano (angolano), deu a superioridade aos portugueses, discriminando-se a si mesmo, devido ao avanço tecnológico daquela época e dos produtos que Diogo Cão, trazia, para trocar: (missangas, espelhos, tecidos, aguardente e outros artigos baratos).
Ainda continuo a dizer, que discordo de certas opiniões, que vêm dizendo que: “estamos condenados a sermos racistas”, porque este preconceito, pode ser reduzido, o que tem estado a acontecer, devido ao trabalho das várias organizações internacionais, isso ainda acontece, por falta de conhecimento e ignorância. O mesmo caso, acontece com os (E.T.- extraterrestres), muitos dizem, que são uma raça muito inteligente, mas sem antes conhecê-los, dão-lhes logo, superioridade.
Hoje, muitos Africanos, falam mal dos europeus, sem antes saberem as origens históricas, “o desenvolvimento da Europa, foi o atraso ou o subdesenvolvimento de África,” outro aspecto importante foi o subdesenvolvimento de África, será que sem a vinda dos Europeus em África, o continente seria o que é hoje? Muita coisa que foi feita, ou esta a ser feito em Angola, é graças ao árduo trabalho incessante dos Europeus.
Também a historia, mostra-nos, que Portugal, teve uma das melhores administrações, que era de (assimilação para todos) a aculturação do Europeu, vestir-se como o Europeu; onde muitos angolanos ganharam cidadania portuguesa.
Por outro, a questão da escravatura, onde muitas pessoas, apontam o dedo aos Europeus, sem antes saberem, que os africanos participaram directamente e indirectamente na escravatura; Os africanos também escravizaram, e vendiam os seus conterrâneos africanos, muito antes da chegada dos Europeus.
Uma das razões do presente estudo, tem à haver, com a problemática, actual, vemos casos de preconceito racial, na Europa, existem Leis que punem, os prevaricadores. Já em Angola, devido o processo colonial, e da escravatura, foi incutido nos pais, familiares e amigos de muitos angolanos, que o “Europeu é mau”, “nos escravizou”, em outras palavras, o angolano ainda está com o orgulho ferido. Os africanos (angolanos), acabam por serem por vezes mais racistas do que os Europeus.
Vejamos, se for para calcularmos o nível de discriminação, que muitos brancos e mestiços passam em Angola, chega a ser muito superior, em relação ao que muitos negros passam na diáspora. É difícil de acreditar, que a iniciativa para a abolição da escravatura, não veio de um negro, e nem de um País de África, mas sim da Europa (Inglaterra).
Todavia, o colono Português, antes de retirar-se de Angola, criou condições para a independência de Angola, o chamado “Acordo de Alvor” entre os três movimentos de libertação Nacional (MPLA, FNLA, e UNITA), dando assim, origem, ao movimento de transição para a Independência de Angola, mas que não resultou por três das seguintes causas: i) a guerra fria entre E.U.A e URSS (aconselhamento e influência das antigas potências, sobre os lideres destes movimentos); ii) até 1974 – não havia nenhum país africano democrático, (o poder era hereditário), pelo facto Angola, não podia ser uma excepção e iii) Desconfiança entre os lideres dos três movimentos de libertação de Angola.
Para o desenvolvimento deste trabalho começamos com a seguinte pergunta de partida: Será que existe racismo contra brancos e mestiços em Angola?
Este trabalho delimita-se ao estudo do racismo contra brancos e mestiços em Angola, para compreendemos melhor as razões subsequentes, formulamos as seguintes hipóteses:
H1- Existe sim, racismo contra brancos e mestiços em Angola, mas o que acontece é que os brancos e mestiços, ignoram estes actos de insultos e discriminação racial. Também a situação é evidente, porque os órgãos policiais e judiciais, não punem os infractores, nem a própria comunicação social, divulga os casos ocorridos no território Nacional.
H2- Não existe racismo contra brancos e mestiços em Angola, o que existe é revolta da população negra angolana, porque pensam que os brancos e mestiços têm o poder económico, e muitos destes chegam a ocuparem os grandes cargos do País.
Variável independente: racismo contra brancos e mestiços em Angola.
Variável dependente: condição social, herança colonial, cultura, religião, ignorância, o analfabetismo, a miséria e a revolta, por parte da população angolana.
Tendo em consideração a pergunta de partida, nos propusemos a formular os seguintes objectivos que servirão de bússola para a consolidação:
Objectivo geral - Analisar a presença do racismo na República de Angola.
Objectivos específicos - Identificar os constrangimentos que os brancos e mestiços nacionais e estrangeiros passam por motivos do racismo;
Explicar como os brancos e mestiços nacionais e estrangeiros, são discriminados, com atribuição de vários títulos pejorativos;
Para a justificativa à escolha do tema, é por motivos pessoais, sendo angolano de origem, sou discriminado, confundido por estrangeiro, muitas vezes chamam-me de colono e não aceitam como filho de Angola. As vezes chegando ao ponto de me fechar, (ficando tímido), ou melhor, isolando-me, para não ser discriminado; Contudo, sempre mantive a calma, e ignorei quase todos os insultos, para não chegar ao ponto de ter conflito físico. Sendo nato de Angola, por vezes fico entristecido, quando oiço alguém dizer, colono, vai para o teu país.
- Brancos e Mestiços são angolanos?
São angolanos pretos e mulatos. [...] A unidade angolana não tem poderes para nos passarem certificados. A unidade existe em nós sendo mulatos, pretos ou fulos. [...] Devemos é tomar uma posição sobre as acusações que nos fazem. Que atitude devemos tomar perante as actividades deste género? A nossa presença provoca as massas e veremos se somos nós que faremos triunfar ou ceder e cair na política racista. (Acta da Sessão de 21 de Maio [Acta 2] da reunião do Comitê Director, ocorrida entre 13 e 23 de maio de 1962, (Tali, 2001, p. 314).
De acordo com os nºs 1º á 5º do artigo 9º da constituição de Angola de 2010:
- A nacionalidade angolana pode ser originária ou adquirida. 2. É cidadão angolano de origem o filho de pai ou de mãe de nacionalidade angolana, nascido em Angola ou no estrangeiro. 3. Presume-se cidadão angolano de origem o recém-nascido achado em território angolano. 4. Nenhum cidadão angolano de origem pode ser privado da nacionalidade originária. 5. A lei estabelece os requisitos de aquisição, perda e reaquisição da nacionalidade angolana.
Ainda nos nºs 1º e 2º do artigo 23º da constituição de Angola de 2010, acrescenta:
- Todos são iguais perante a Constituição e a lei. 2. Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão da sua ascendência, sexo, raça, etnia, cor, deficiência, língua, local de nascimento, religião, convicções políticas, ideológicas ou filosóficas, grau de instrução, condição económica ou social ou profissão.
- Privilégio Branco e Mestiço em Angola
42 anos depois da independência, as tensões raciais ainda estão à flor da pele: vê-se no discurso, nas filas de espera, na competição pelos lugares de chefia. “O privilégio branco é visível também em Angola”
Se em Angola não houver uma maior distribuição dos rendimentos e uma diminuição das assimetrias e problemas sociais, o jornalista Reginaldo Silva, teme o agravamento “deste tipo de conflitos entre negros e mestiços ou os negros acusarem os mestiços de serem responsáveis por não sei o quê”.
Há quem fale de racismo de negros contra brancos, mas Sizaltina, Gestora de Projectos Sociais, confessa ter dificuldade em aceitar a questão colocada nesses termos. É, de resto, comum quando se fala de racismo aparecer o típico: “Ah, mas os negros também são racistas.” Sizaltina, justifica a sua posição: “Entendo o racismo como sistema de poder político, económico, social que privilegia determinada raça em detrimento de outras — um sistema, que está criado para privilegiar um determinado grupo racial. Se olharmos para Angola e entendermos como sociedade multirracial — eu entendo como país negro —, então temos de ter pessoas de várias raças representadas em todos os estratos. Mas é quase impossível ver uma zungueira [vendedora de rua] de pele mais clara, os porteiros, os varredores de rua, os moradores das zonas menos privilegiadas, são todos de pele mais escura. Isso indica um favoritismo ou uma prática, que faz com que as pessoas que tenham a pele mais clara tenham uma ascensão maior.”
Por outro lado, mesmo num país africano, aceita-se com mais facilidade imigrantes portugueses, do que africanos, aceita-se melhor um imigrante branco, do que um negro, acredita. “Isso para mim é doentio, principalmente de um estado que lutou contra o imperialismo, contra o colonialismo, que foi marxista-leninista. Acontece, por causa da associação que se faz ao branco — branco é bom, negro não — e que resulta do processo de escravatura. Durante séculos, os negros aprenderam que o negro é mau. A filha rebelde é a ovelha negra; a inveja, se for no bom sentido, é inveja branca. A associação do branco com o bom, desejável, determina a forma de agir das pessoas.”
Mestiço, fruto da miscigenação que aconteceu durante o período colonial, o rapper e activista Luaty Beirão, confessa, que não pode dizer que é “bom ou mau, ter havido misturas”, porque caso contrário, ele não teria nascido. “Muitas vezes, já me perguntei: será, que eu preferiria não existir? Será, que isso teria tirado algum peso, o não ter havido colonização? Se eu não estivesse cá hoje, será, que teria sido melhor? Então, não dá para responder porque eu não estaria cá para responder, e não há, como comparar, porque não há, como voltar atrás. É daquelas coisas que se dizem, é um beco sem saída.”, (Publico, 2015a).
Mas será, que os brancos ou mestiços, auto privilegiam-se? Penso, que a resposta seria não, mas é porque, lhes são atribuídos esses privilégios. Portanto, é que, eles, são a minoria da população, por vezes como escapatória, alguns cidadãos, ficam sempre a procura de culpados. Angola, sendo um País multirracial, isto é, devido a colonização Portuguesa, durante cerca de 500 anos, contudo, é bonito ver a nossa terra, com cidadãos de raças diferentes. É ponto assente que, alguns brancos e mestiços, detêm algum poder económico, para dizer que, será mesmo impossível, ver brancos e mestiços em trabalhos de baixa categoria.
Segundo a Constituição da República de Angola, nos termos do artigo 21.º alínea h, o Estado deve “Promover a igualdade de direitos e de oportunidades entre os angolanos, sem preconceitos de origem, raça, filiação partidária, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação;” e ainda para reforçar no artigo 23.º, diz sobre o Princípio da Igualdade “1. Todos são iguais perante a Constituição e a lei.”; “2. Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão da sua ascendência, sexo, raça, etnia, cor, deficiência, língua, local de nascimento, religião, convicções políticas, ideológicas ou filosóficas, grau de instrução, condição económica ou social ou profissão”.
O Agente Público trabalhará com a população, com base a Lei da Probidade Pública no artigo 8.º diz sobre o Princípio da Imparcialidade “O agente público deve tratar de forma imparcial os cidadãos com os quais entra em relação, devendo merecer o mesmo tratamento no atendimento, no encaminhamento e na resolução das suas pretensões ou interesse legítimos, observando, sempre, com justeza, ponderação e respeito o princípio da igualdade jurídica de todos os cidadãos perante a Constituição e a lei”
No quotidiano, os angolanos negros, a maioria, os mestiços (cerca de 2%) e os brancos (1%) convivem, estão nos mesmos restaurantes, estão nas mesmas discotecas, defende. Mas se aprofundarmos: “Nos subúrbios mais pobres, só existe um tipo de gente, os angolanos de raça negra. Nos condomínios, nos bons subúrbios, há angolanos de raça negra da elite, com angolanos de raça mista, de raça branca ou povos de outras nações. Por isso digo que [o racismo] não aparece de forma tão expressiva na sociedade, mas subtilmente.”, (Publico, 2015a).
Aparentemente, esta é uma questão mais de classe do que de raça. Mas o problema coloca-se, quando um engenheiro estrangeiro branco chega a Angola e há diferença de tratamento, sublinha Elias Isaac, Director da ONG – Open Society Iniciative of Southern Africa. “Vai encontrar um médico angolano e um expatriado a fazerem o mesmo trabalho, mas a ganharem salários diferentes e a viverem em condições sociais completamente diferentes. O poder político, incentiva esta diferenciação. O Governo, aceita praticar essa diferença. E isto é uma questão racial, porque não acontece a mesma coisa com alguém da Zâmbia ou do Zimbabwe que vem trabalhar aqui.”, Acrescenta, em parte este fenómeno explica-se, com a síndrome que permanece no inconsciente colectivo de povos que foram colonizados — o sentimento de dominado passa de geração em geração. É isso que o leva a dizer: “Até certo ponto, houve independência, mas não descolonização das mentes.” (Publico, 2015a).
Voltemos, porém, à forma caricata de como os mulatos e negros se vêem. Há mulatos, que dizem que, o verdadeiro racista em Angola é o negro, por este ser altamente complexado. Certos mulatos, adoptaram mesmo argumentos clássicos para justificar a subalternização do negro, dizendo que, ele é preguiçoso, indisciplinado, invejoso, traiçoeiro e que só querem adquirir, o que de bom, vem do branco e mulato, sem ter que trabalhar. Há, porém, mulatos moderados que aceitam, que Angola, herdou um sistema, que não favorece os negros, e que deveria haver formas de superar esta desigualdade, (Angonoticias, 2004).
Em conversas, que mantenho com negros angolanos, os mulatos e brancos, são vistos, antes de mais, como oportunistas, que só gostam de estar lá, onde só há, do bom e melhor. Para eles, os mulatos sabem fazer graxa, e têm tendência, para dominar todas as organizações a que pertençam. Outros angolanos, deploram o facto de que o padrão de beleza angolana, recaia essencialmente sobre as mulatas. Num jantar, nos Estados Unidos, alguém foi a Internet, para imprimir fotos das candidatas ao trono de Miss Angola. Contudo, notou-se, que a maioria das moças eram mestiças. Contaram-nos também, que houve um tempo, em que as hospedeiras de bordo da TAAG, só tinham de ser mulatas. Também é usual dizer-se, que quando uma empresa em Angola, precisa de uma secretária de boa aparência, vai-se logo, a procura de uma mulata, (Angonoticias, 2004).
Por fim, há quem, como Luís Fernando, administrador no grupo de MediaNova, já tenha sentido racismo directo na pele, à porta de um restaurante/bar, o Chill Out, onde o porteiro o barrou, deixando entrar o amigo branco. “Obviamente, que nunca mais lá pus os pés”. Mas desvaloriza o episódio: acha que, não há racismo em Angola. Pode haver algum elemento racista, em que o angolano se sinta superior, ou podem existir alguns portugueses que são “extremamente racistas”. Mas “não se deve tomar a árvore pela floresta”. Teme, no entanto, que surja uma tensão racial, mais do ponto de vista económico ,“no sentido de algumas pessoas, se sentirem excluídas dos lugares que se elitizaram”, (Publico, 2015a).
Neste capítulo, apresentamos os resultados obtidos, através do estudo investigado, com vista a alcançar os objectivos propostos. Esta apresentação é seguida de uma análise, e discussão dos dados, sempre que possível, baseada na literatura consultada. Os dados obtidos permitem perceber, de que forma, o racismo contra brancos e mestiços em Angola.
CONCLUSÃO
Essa pesquisa não é conclusiva, continua em aberto, para qualquer análise científica. Contudo, os objectivos propostos com o presente trabalho, intitulado racismo contra brancos e mestiços em Angola, foram alcançados. Também permitiu-nos verificar, os níveis e o impacto racial na República de Angola.
África, sendo o berço da humanidade, e tido como o continente onde se descobriu o relógio, a roda, a matemática, o alfabeto, a escrita, e muitas outras coisas grandiosas. Não imaginemos, como seria África sem a influência do branco. A raça africana foi a primeira a navegar ao redor do globo.
Como prova do árduo trabalho de pesquisa desenvolvido, obtivemos as seguintes conclusões:
- É de realçar que Angola, devido ao nível baixo de escolaridade e também, devido ao processo colonial, muitos cidadãos nacionais com índole racista, pensam que os estrangeiros ou seja, os brancos e os mestiços, só venhem roubar o dinheiro do país, e prosseguem, dizendo, eles vieram novamente colonizar. Esquecendo-se que para além de melhorarem a sua condição de vida, também, contribuem enormemente para o desenvolvimento do país, como por exemplo, fazem diminuir o índice de desempregados, baixar as importações, e aumentam as exportações.
- Muitos angolanos, não conhecem a verdadeira historia de Angola, em muitos casos agem por emoção, guardam reservas de vingança, sendo assim, uns eternos racistas.
- O fraco investimento no ensino e na capacitação do homem, proporciona a exportação de recursos humanos qualificados, ou seja, estrangeiros (na sua maioria de raça branca).
- Os brancos e os negros, são dotados das mesmas habilidades, contudo, existem algumas disparidades a saber: os indivíduos de raça negra, tem menos oportunidades na instrução, capacitação e busca de tecnologias, este é o principal factor de diferencial.
- Muitos os governantes/empresários angolanos não gostam de trabalhar com os angolanos porque os vêem como incapacitados.
- É ainda comum vermos os mesmos estrangeiros serem atraídos para Angola, por empresários nacionais com propostas de bons salários, bem como é comum vermos e ouvirmos reclamações de funcionários angolanos, enquanto vítimas de discriminação racial, por parte desses mesmos estrangeiros. Vale dizer que, nessa terra é também gritante a forma como muitos negros com alguma predisposição rancorosa, violentam verbalmente os mestiços ou brancos sem razão de ser.
- Algumas culturas africanas têm sido hostilizado pelos ocidentais, como forma para dependência cultural, económica, social e tecnológica.
- Nem todo branco ou mestiço nasce com privilégio ou com o poder económico.
- O Caso de Angola, notamos que o racismo é ensinado e passado de geração à geração.
- Por fim, por evidencias em África, os povos eram muito unidos, até a chegada dos colonizadores, mas o grande culpado da implementação do racismo em África é o homem branco, que incentivou este sistema discriminatório, para inferiorizar o negro, partindo do adagie, que tudo feito pelo branco é bom ou de boa qualidade, desprezando os negros, os brancos também incitaram o racismo do negro para o negro.
Com isso, podemos afirmar, que muitos cidadãos nacionais, e estrangeiros, desconhecem as leis vigentes na Republica de Angola, e que proíbe a discriminação racial, e chega dê-se a ouvir o seguinte: “Angola não é terra de brancos nem de mulatos, vão-se embora na vossa terra”. O racismo é um verdadeiro cancro que devemos erradicar completamente do mundo! Embora muitos pensam que, o racismo só é manifestado quando é do branco para o negro e não o inverso.
É tão lindo observarmos o mundo, com pessoas de diferentes variedades raciais, culturas, linguístico, etc. Será que o mundo seria bonito se fossemos apenas de uma só cor? Atendendo ao conteúdo de pesquisa aí vão as confirmações das hipóteses:
Quanto a primeira hipótese foi confirmada, porque existe sim, racismo contra brancos e mestiços em Angola, mas o que acontece é que os brancos e mestiços, ignoram estes actos de insultos e discriminação racial. Também a situação é evidente, porque os órgãos policiais e judiciais, não punem os infractores, nem a própria comunicação social, divulga os casos ocorridos no território Nacional.
A segunda hipótese também foi confirmada, porque não existe racismo contra brancos e mestiços em Angola, o que existe é revolta da população negra angolana, porque pensam que os brancos e mestiços têm o poder económico, e muitos destes chegam a ocuparem os grandes cargos do País.
Minha África, Angola meu País, minha Pátria, minha Terra no meu coração.
Referências Bibliográficas
Angonoticias. (2004). O racismo em Angola. Luanda: Angonoticias. Obtido em 04 de Setembro de 2017, de http://www.angonoticias.com/Artigos/item/553/o-racismo-em-angola
Publico. (2015a). Angola "Houve independência mas não descolonização das mentes". Obtido em 04 de Setembro de 2017, de https://www.publico.pt/mundo/noticia/houve-independencia-mas-nao-descolonizacao-das-mentes-1712736
Constituição da República de Angola de 2010.
Este artigo não é o completo, é uma parte da pesquisa, os interessados para obterem o trabalho final de 111 páginas, devem enviar um email para: evandro.amaral2015@hotmail.com.
[1] Graduado no Curso de Administração Pública, pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações Internacionais (CIS), evandro.amaral2015@hotmail.com;